quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ontem pensava eu no meu processo como tem se dado a continuidade do trabalho, os avanços em relação às imagens/cenas que tenho produzido mentalmente e que estou começando a executar na matriz de MDF.
O artista como já devo ter mencionado, como qualquer outro 9poeta, compositor...) não executa seus trabalhos todos os dias como qualquer outro mortal, ele compõe mentalmente, aos poucos estes mentalmente vai se diluindo em pensamentos mais concretos, com imagens, ou sons, ou mesmo palavras e movimentos sim, também os movimentos dos dançarinos...dos coreógrafos... e daí é que eles irão tomar forma, uma sequencia e em meu caso uma cena, a matéria bruta, de carne da madeira que vai se reproduzir num tecido, num papel... ...e só então ela se forma. Mas este processo não é como digo, da noite para o dia. Num primeiro momento eu desejo algo que exponha meus sentimentos em relação à vida em que estou inserida, participando ou não...
Esta vontade segue uma escala de visualidades que ainda nem sempre são bem representadas mesmo mentalmente, a seguir eu consigo visualizar uma imagem mais conmcreta e vou em busca da foto, da imagem que possa se confirgurar melhor para este tema inicial. Só então eu passo para a matriz, claro, depois das manipulações iniciais, e as alterações na matriz são o próximo passo. São a linha que idealizo, a forma final que pretendo, pois nunca é certeza de um resultado como se configurou a linha e neste meio tempo eu ainda vou eseprando, dando um tempo na construção/entalhe na madeira para que a cena/imagem vá se configurando. 
Assim, eu posso passar dias sem "nada" fazer. E isto me lembrou um compositor, maestro eu creio, que assistia sendo entrevistado. Este fazer demorado, ou este "não fazer nada" que possa outros pensarem... ...É o tempo de espera do artista para que brotem as inspirações e sobre elas se trabalhem.
Eu prefiro acreditar no Universo que se manifesta, nos espíritos/anjos que me envolvem e produzem estes sentimentos, sensações e de pronto, as imagens que precisam ser repassadas.        

Bueno, por isso quando tudo começou era assim... ..

Comecei com uma cena em primeiro plano, chocante porque trata de uma cena de hospital uma ação que indica algo forte que está por acontecer, uma ação drástica, talvez uma mobilização dos agentes de saúde em relação a acidentes que sabemos ocorrem todos os dias por muitos motivos. Já para uma segunda cena de hospital eu fiz, na realidade sem perceber, um close, onde só existe um médico com sua expressão forte e há tempos sigo pensando num super close onde somente os gestos das mãos destas ações diárias/corriqueiras se configurem numdos planos e em junção com a outra reflitam o pensamento da cena toda.

 Mas, mesmo antes desta vontade que surgiu eu comecei colocar em prática e mergulhei as cenas cotidianas nesta sensação do mundo contemporâneo e vazio, vazio de sentimentos tantas vezes. Estas caixas pessoais que precisamos para nos confortarmos e voltar á vida diária com mais força e coragem, ou não. Esta sensação que o mundo agitado e individualista. Mergulhei estas cenas em sangue, sangue este que vinha explícito e agora percebo que já queria surgir, fazer parte do trabalho como algo, como uma cor que diz, que fala, não uma cor decorativa, pois ela não faria parte de mim, do meu trabalho, que sei, não é mais meu, mas incialmente estando em minhas mãos ela pede este mistério, que eu acredito seja muito da força que ele tem. Todas as ações exercidas nela seguem este mesmo caminho e tem tudo mesmo a vr comigo, com meu interior, mais do que qualquer outra técnica. A natureza, o mistério da vida, o mistério das formas encontradas em todos os lugares, em cada organismo, as semelhanças, tudo isto me interessa e o mistério que a noite nos conduz, as cores da vida que não são chapadas, nem o céu é assim... ...Nem as nuvens, já se viu naquele filme "A moça do Brinco de Pérolas" que adoro.
A energia e a força exercida numa madeira, numa matriz como estas, que ainda pulsa de alguma forma ali, mesmo retirada de seu ambiente natural... ...

Bom, mas e como se deu este processo?

Crieei as veias, no meu pensar, nas artérias que pulsam em nós, que permitem que nossa instância vital circule por nosso corpo e nos permita á vida carnal e pensei em tudo o que ele pode inspirar, na dor...na vida.  O que surgiu foi uma imagem que pra mim é bela, que foi uma surpresa, pois ao invés de ser uma imagem de sangue, vermelho quase marrom, coalhado, foi um rosado, um vermelho e um preto que ainda não sei num todo o que quer me dizer.

Sei que tem a ver com aquela questão do processo, do ritual, da surpresa, do mistério que tanto gosto nas xilogravuras, especialmente as de influências expressionistas.

Bom, por enquanto é só.

A imagem é esta, postada aqui anteriormente, a última a ser postada aqui. Agora sigo em produções neste estilo e avanço um pouco mais. Sim, pois tudo me inspira como já diz um amigo... ...tudo o que vejo na TV, tudo o que enxergo á minha frente, a minha mão em um ângulo estranho... ...deformando o dedo que parecia quebrado... ...

2 comentários:

Ana disse...

Você deve ser ótima em artes!

Estrela Luzente disse...

Bueno, eu AMOOOOOOOOOOOOO minha gravura
heheheehhhhh